As férias são sempre sinónimo de mais tempo livre. Matilde resolve desafiar os seus pupilos a ponderar formas de não o esbanjar, mas, pelo contrário, a transformá-lo em tempo de qualidade e crescimento para todos.
A catequista Matilde decide lançar como tema de catequese a obra de misericórdia «Assistir os doentes», como mote de algo que poderiam fazer pelos outros, e por si mesmos, neste interregno letivo. Começa por informar que os Evangelhos estão repletos de relatos em que Jesus acolhe, socorre e cura os enfermos: uns vinham ter com Ele, outros eram trazidos por alguém, outros ainda eram atendidos no seu lar. E Maria foi ter com sua prima Isabel às montanhas, mal soube que esta estava grávida, a fim de lhe dar apoio, estando ela igualmente grávida.
Matilde explica também que “enfermo” significa “sem firmeza”, e convida os jovens a recordar a sua própria fragilidade nos momentos em que estão simplesmente adoentados, com uma constipação, por exemplo. Mais, refere que, à semelhança de tudo na vida cristã, a obra de misericórdia “assistir os doentes” principia em casa, com a família, quando se tem de lidar com alguma doença prolongada e até irreversível, independentemente da idade e da debilidade em causa (paralisia, cancro…).
A dinâmica do discurso é abanada com a questão da vivaz Cristina:
– E o que é que nós, que não somos médicos nem enfermeiros e não percebemos nada de saúde, podemos fazer por quem está gravemente doente?
– Pois – intervém Joel –, é que nem sequer conseguimos perceber o que a pessoa está a sentir, a sofrer…
– Mas ela sente-vos – esclarece Matilde. – E isso é, muitas vezes, o que lhe basta para reavivar o ânimo, a alegria, a força de luta para recuperar ou viver melhor. A presença junto de quem sofre pode operar milagres! – E continua: – As pessoas não ficam doentes só na parte física. Quando adoecem, a sua faceta psicológica, assim como a dimensão social e a espiritual, ressentem-se, de igual modo. Portanto, a assistência a dar-lhes não é meramente terapêutica…
– A minha avó – conta Filipe – faz voluntariado no hospital perto da nossa zona e costuma vir de lá muito bem-disposta. Quando lhe perguntamos porquê, cita S. Mateus: «O que fizeste ao mais pequenino dos teus irmãos foi a Mim que o fizeste» (Mt 25, 40), e acrescenta: «Nestas coisas, recebe-se mais do que se dá. Tiram-se grandes lições de vida… Sou uma privilegiada!» Eu não entendia muito bem as palavras dela, mas acho que começo a compreender o sentido do que ela quer dizer…
– O encontro que a visita proporciona entre quem está a sofrer e quem vai visitar, fazer companhia, é muito profundo. Em Mt 18, 20, Jesus diz: «Onde estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles.» – elucida Matilde.
– Mas também há doentes noutros sítios: nos lares de idosos, em casas de recuperação… – acrescenta Inês. – A minha tia já trabalhou para um centro de recuperação de dependências e falava muito da importância e da beleza de fazer a diferença na vida, nem que fosse de uma só pessoa. Dizia que alguns utentes choravam só porque, de repente, se tinham dado conta de que alguém se importava com eles e gostava deles, apenas por existirem e serem quem eram.
– Do que estamos aqui a falar é de expressões puras de amor incondicional. É a isto que se resume a solidariedade, a misericórdia – exclama Matilde com convicção. E prossegue: – Não sei se sabem, mas a ciência médica passou a considerar que a espiritualidade possui uma valência terapêutica. Desta forma, rezar com os doentes assume, em muitos casos, uma relevância que não se deve desprezar.
A terminar, a catequista observa:
– Repararam que hoje não acedemos à Bíblia_app?… Consultámos a Bíblia concretizada na vida!
Pensa nisto…
Acompanhar os doentes evita que eles vivam a dor da doença na solidão e no esquecimento.
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